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Review Estúdio Brasil 2010

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6 dias entre workshops, palestras, bate-papos, demonstrações, exposições e networking com mais de 1.000 profissionais da área de fotografia. Esse poderia ser um resumo do que foi o excelente Estúdio Brasil 2010.

Antes de começar a escrever um review sobre o que eu achei do congresso, eu preciso agradecer o site Fotocolagem e a Escola Riguardare por terem me premiado com um par de ingresso para o Estúdio Brasil 2010. Eu queria muito ir, mas não comprei meu ingresso, pois estava juntando dinheiro para trocar de computador. Poder participar do congresso foi uma experiência maravilhosa.

Sobre o Estúdio Brasil 2010, ele é o maior congresso de fotografia de estúdio da américa latina e esse ano reuniu palestrantes brasileiros e americanos especialistas em diversas áreas como moda, culinária, books, gestantes, produtos, retratos, etc.

Cheguei cedo no primeiro dia, pois tive medo de haver alguma demora no credenciamento, mas não houve problema algum. Todo o staff era muito educado e a entrada para as palestras ocorreu de forma tranquila e muito bem organizada.

Não assisti todas as palestras do evento, pois aproveitei para fechar negócios, fazer networking, assistir apresentações paralelas e curar a ressaca do dia seguinte do happy-hour que o congresso ofereceu.

As palestras que assisti foram as seguintes:

O MERCADO DA MODA – EDITORIAIS E CAMPANHAS

A primeira palestra do Estúdio Brasil 2010 foi ministrada por Aleksandar Srdic, fotógrafo de moda paulistano que explicou o processo de uma campanha e de um editorial de moda.

Srdic iniciou sua palestra falando sobre quais são os profissionais que fazem uma fotografia de moda e salientou que sem eles o resultado final fica comprometido. O principais profissionais, de forma enxuta, são:

  • Fotógrafo
  • Stylist(quem arrumas as roupas e produz a modelo)
  • Maquiador
  • Modelo

Também diferenciou o Editorial de Moda das Campanhas da seguinte forma:

Editorial de Moda

  • Conta uma história
  • É feito para revista
  • Tem um briefing mais maleável
  • Sem fim comercial
  • Budget limitado
  • O cliente é a editora

O processo ocorre da seguinte forma:

  1. Contato da editora com o fotógrafo
  2. Briefing
  3. Proposta de cachê feito pela editora

Depois disso é feito uma reunião com o editor de moda da revista, com o fotógrafo e o stylist para discutir a idéia central, quem será  a equipe, os prazos, locação, etc.

Cabe ao fotógrafo definir e gerenciar a organização do tempo, direção do set, integração da equipe, direção da modelo, entre outras coisas.

Depois das fotos feitas a edição(escolha) é feita pela editora junto com o fotógrafo e depois são tratadas pelo fotógrafo, pela revista ou por um estúdio de tratamento. Nesse caso, Srdic explicou bem que um estúdio de tratamento está muito melhor capacitado para tratar as imagens do que ele e que deixar o tratamento para a editora deve ser a última opção. Ele indicou dois estúdios de tratamento o www.fujocka.com.br e o www.lacreative.com.br.

Campanha de Moda

  • Seu cliente é a marca
  • O Briefing é fechado
  • Orçamento é proposto pelo fotógrafo
  • A verba é boa
  • A funções são bem definidas
  • O fim é comercial

Ele mostrou um exemplo de briefing de campanha de moda.

  • 18 fotos finais
  • 1 diária
  • 6 meses de vinculação
  • Mídia impressa
  • 2 modelos(uma já estava escolhida e ele escolheria o modelo)

A reunião é feita com a agência ou com o cliente(estilista, diretor de arte, etc) onde é passado o briefing do que será feito. Nesse caso, não há muito espaço para o fotógrafo mudar algo, pois tudo já foi “resolvido” antes.

Para montar o orçamento para esse tipo de trabalho precisa-se levantar o seguintes custos:

  • Locação de equipamento(iluminação e Hasselblad)
  • Produtor de set(um tipo de faz tudo)
  • Catering(alimentação)
  • Aluguel do estúdio
  • Pre-lighting(teste com as luzes no dia anterior)

Aqui também cabe ao fotógrafo definir e gerenciar a organização do tempo, direção do set, integração da equipe, direção da modelo, entre outras coisas. Muito comum o cliente estar presente e para isso é comum ter uma tv de plasma ou um computador para o cliente e a equipe ver as fotos em tempo real.

Depois dessas explicações Srdic mostrou na prática um photo shoot com 4 modelos e um cenário montando em cima do palco  e utilizou uma 5D Mark II e o software Capture One Pro para capturar e processar os arquivos em RAW.

O mais importante na palestra do Srdic foi vermos como ele dirige as modelos e que o fato de não ter um estúdio e equipamento pesados não impede o fotógrafo de trabalhar.

 

EQUIPAMENTO FOTOGRÁFICO DIGITAL: HOJE E O FUTURO

Thales Trigo, cujos livros fazem parte de qualquer bibliografia básica nas faculdades e cursos de fotografia, falou sobre como a imagem digital é estruturada, os tipos de câmeras digitais, as novas tecnologias, entre outras coisas.

O Thales salientou que não é essencial ter um back-digital* para moda ou publicidade, pois a Canon e a Nikon já são suficientes e que isso era muitas vezes usado por puro marketing. Para mim, isso foi de extrema importãncia, pois eu pretendia comprar uma Mamiya 645 e depois comprar um back-digital* para ela. Não que eu tenha esse dinheiro, mas essa palestra do Thales me economizou uns R$10.000,00.

*Back-digital é como se fosse um chassi que você acopla em uma câmera, normalmente de filme, e ele lhe permite capturar grandes resoluções em digital(30, 40, 50 megapixels). Há também os backs de filme 120mm, polaroid, 35mm, etc. Ou seja, o fotógrafo que tem uma câmera dessa, pode fazer a mesma foto de diversas formas, é só trocar o back.

 

LINGUAGEM FOTOGRÁFICA

É muito difícil escrever sobre a palestra do Claudio Feijó. Primeiro por ela ser subjetiva demais e segundo por ela ter mexido tanto comigo que ainda estou maturando as idéias que ele apresentou.

Por mais que eu tente detalhar, só que esteve lá poderá entender a força daquelas palavras. Feijó apresentou várias idéias, muitas vezes desconexas, para falar de fotografia(sem falar de fotografia). Sua palestra foi, basicamente dividida em três partes:

  • O Território (o estúdio do fotógrafo)
  • O Ser (o fotógrafo)
  • A Imagem(a foto em si)

Como eu não vou conseguir reunir todas idéias juntas do Feijó, vou escrever as que mais me marcaram durante a palestra dele.

“Quando fugimos de imitar, estamos negando nossa espécie”. Sobre como faz parte do homem imitar, vide o bocejo.

“Imitar é sempre melhor que invejar”

“Mais vê na imagem quem tem tem mais repertório” Sobre como a imagem é maior que o fotógrafo, pois depende da visão de quem vê.

“O fotógrafo tende ao narcisimo”

Outra dica do Feijó foi: Estudem Gestalt.

Eu sinto que deixei passar muitas coisas da palestra dele. Eu prestei antenção, mas ainda não estava preparado para entender.

 

FOTOGRAFANDO MODELOS

A palestra da norte-americana Mary DuPrie foi marcada por muita prática e pequenas dicas de direção, que ao meu ver, são muito importantes. Algumas pessoas reclamaram da palestra dela, mas é importante lembrar que direção de modelos não é algo que você aprende em 2 horas, mas leva-se anos para desenvolver seu estilo e sua forma de dirigir. É necessário ter experiência, não só fotográfica como de vida.

Antes de começar sua palestra, DuPrie deixou bem claro que aquelas dicas eram para uma fotografia mais comercial e que para foto de moda as técnicas era um pouco diferentes. Suas principais dicas foram:

  • Fotografar com lentes curtas(50mm, 70mm para ficar próximo da modelo).
  • Não usar jóias(para não desviar a atenção de que olha a foto).
  • Não deixar a modelo usar roupas largas.
  • Trocar de lugar com a modelo(ficar na pode dela e mostrar o que se espera).
  • O nariz da modelo deve apontar para a lente e não os olhos.
  • Começar o shooting com uma iluminação bem básica.
  • Deixar o espaço livre entre os braços da modelo(para ela não virar uma coluna).
  • Dizer a modelo o que se está fotografando.
  • Modelos com mão no rosto só as experientes(as novatas não sabem como fazer).
  • Aprender através de catálogos.

 

ILUMINAÇÃO E O PODEROSO RETRATO

Uma das palestras que eu mais esperava ver e um fotógrafo que eu já acompanho faz tempo, Michael Grecco era uma das maiores atrações do Estúdio Brasil 2010.

Ele começou a sua palestra com o polêmico vídeo do Harlan Ellison:

Depois isso, Grecco passou boa parte de sua palestra mostrando fotos suas e falando sobre seu projeto que consiste de fotos sobre a indústria pornô em Las Vegas. Isso desapontou algumas pessoas que queriam ver as técnicas dele. Como Grecco é um Hasselblad Master 2010 é óbvio que eu não iria perder nada de sua palestra.

Algumas pessoas levantaram e foram embora, mas nos últimos 30 minutos de sua palestra, Grecco começou a parte prática e explicou sua iluminação.

Para surpresa de todos, sua iluminação é a mais simples possível. A invés de gigantes octobox, Grecco utilizou uma pequena softbox bem próxima da modelo para gerar um grande contraste. Disse ainda que muitas fotos são feitas com 3 pontos abaixo para dar mais contraste ainda. Uma dica dele era usar a striplight na vertical, pois ela agiria como key-light e fill-light ao mesmo tempo

 

DO LUGAR COMUM AO BOOK DIFERENCIADO

Joel e Isa Reichert fizeram um show a parte. Com mais de 20 anos de experiência, eles mostraram como sair do lugar comum com apena uma fonte de luz. Claro que só iluminação não é a palavra chave, pois eles mostraram uma forma de dirigir modelos que não foi vista nas outras palestras.

Essas foram as frases e idéias que mais me chamaram atenção na palestra deles:

“Não dá para falar de fotografia sem viver da fotografia”.

“O fato de dominar a técnica nos liberta”.

“Sombra é tendência”

“Copiar uma foto é plágio. Copiar várias é pesquisa”

Além disso, eles mostram na prática alguns esquemas bem simples de iluminação como uma fonte de luz, uma fonte de luz dura, uma fonte de luz dura, mas com um striplight para fazer o recorte, entre outras. A última luz que usaram foi um esquema parecido com esse:

 

Tudo em F/8

Queria achar a foto final. Depois vou pedir para eles. Depois da palestra eu fui bater um papo com o Joel e ele me explicou que trabalha a relação dos flashes em cerca de 1 ponto e que no fundo branco, normalmente se usa 1 ponto a mais.

Técnicas de iluminação a parte, o que mais me surpreendeu na palestra deles foi a forma como dirigiram os modelos. Além de colocarem música, o Joel mostrava todo o tempo a pose que ele queria. Além disso, havia uma direção verbal muito forte. Para conseguir esse tipo de direção, a Isa me disse que não estudou por nenhum livro e que isso foi é experiência acumulada durante, mas que livros de técnicas podem ajudar.

Quem tiver no sul eu aconselho a fazer o workshop deles. A palestra foi show.

 

CONCLUSÃO

Eu optei por não assistir todas as palestras e aproveitar os eventos paralelos e conhecer outras pessoas, mas me arrependo de não ter visto a palestra do Comodo e do Newton Medeiros no núcleo de Tecnologia.

Aproveitei e comprei o livro Iluminação em Estúdio do Christopher Grey, um DVD de tratamento de imagem e mais umas coisas.

Outra experiência gratificante foi poder ver a exposição da Hahnemühle. Fiquei apaixonado por algumas obras. Queria comprar uma, mas não estava a venda, pois ainda haveria uma nova exposição. Minha obra favorita era Alexander Bayer – Agravic. Vou tentar comprar direto com o fotógrafo.

O Estúdio Brasil 2010 não é um lugar para se aprnder todas as técnicas de fotografia de estúdio, mas uma oportunidade de aprender processos. Claro que se prestarmos atenção aprenderemos algumas técnicas. Volto a repetir, o mais importante é aprender processos, aprendermos como fazem os fotógrafos mais experientes para podermos ver o que fazemos de errado, o que fazemos certo e o que eles fazem de errado e que nós iremos revolucionar.

É isso aí, ano que vem tem mai s.

Se vocês tem alguma dúvida, sugestão, reclamação, dica, etc, podem deixar um recado aqui, no orkut ou pelo e-mail: dofotografo@gmail.com

 


“Não importa de onde você vem, nem onde você está, o importante é saber onde se quer chegar”

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